quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Mesre Noza, a sabedoria do gênio

Em 1974, eu tinha dezesseis anos e minha família morava em frente à oficina de trabalho de Mestre Noza(Rua Santo Antônio, Juazeiro do Norte). Meu saudoso pai, Cabo Vieira, era muito amigo dele e nos pedia que levássemos diariamente uma garrafa de água gelada para o Mestre. Certa vez, foi a minha vez de levar a água para aplacar a sede daquele gênio. Eu tinha medo dele, pois como era comissário de menores, andava altas horas da noite pelos subúrbios de Juazeiro, trajando um sobretudo caqui que lhe dava um aspecto fantasmagórico. Entrei no seu atelier, lhe entreguei a garafa. Ele mandou-me sentar. Fique ali, timidamente admirando sua habilidade no manuseio de suas ferramentas, quando criei coragem e lhe indaguei: - Mestre Noza, quantos anos o senhor tem de vida? Respondeu ele: - 77 anos, meu filho. Seguindo com o diálogo, perguntei: - E quantos anos de arte? Ao que Mestre Noza me respondeu: - Os mesmos 77, meu filho. Ora, então lhe retruquei, como pode ser isso, mestre? E ele, do alto da sua sabedoria, respondeu: - E A VIDA NÃO É UMA ARTE, MEU FILHO. Perdi o medo dele. 

Célio Viana